DVA: um guia sobre a Demonstração de Valor Adicionado
A DVA, ou Demonstração de Valor Adicionado, mostra a riqueza gerada por uma empresa. Saiba como calcular e analisar os resultados
19/11/2019
Investimentos
Empresas existem para gerar riqueza, correto? Para mensurar contabilmente o quanto de capital ela consegue produzir, temos a DVA – Demonstração de Valor Adicionado.
O demonstrativo contábil é obrigatório para algumas organizações, mas tem se mostrado um ótimo instrumento gerencial mesmo para aquelas que são exigidas a apresentar.
Com uma estrutura simples, mas que demanda atenção, a DVA demonstra a capacidade empresarial de gerar riqueza.
Um relatório bem importante, não acha?
Descubra, neste artigo, como as empresas podem se beneficiar desse demonstrativo e que informações ele transmite ao mercado sobre elas.
O que é DVA – Demonstração de Valor Adicionado?
Para compreender a Demonstração de Valor Adicionado (DVA), vamos a uma rápida contextualização.
Como você sabe, empresas produzem e comercializam bens e serviços para pessoas e outras empresas. Elas assumem os custos, despesas e riscos de sua operação em troca do lucro.
A fonte de geração de riqueza empresarial decorre da capacidade que os empreendimentos têm em agregar valor aos custos totais para produção, comercialização e operação dos produtos e serviços.
Ou seja, se uma empresa saudável tem gasto de R$ 10 para produzir um bem, tem que vendê-lo por, no mínimo, um preço superior ao custo para gerar valor.
E onde entra a DVA, Demonstração de Valor Adicionado?
Ela é o relatório contábil oficial que revela o quanto a companhia conseguiu produzir de valor agregado em determinado período de tempo.
Quem deve fazer a DVA?
Empresas de capital aberto têm a obrigação legal de produzir a DVA a cada período contábil.
A Lei 11.638/2007 obriga as sociedades anônimas a darem publicidade aos dados do valor adicionado.
No entanto, outras empresas – como as de capital fechado ou economia mista -, também vêm aderindo ao demonstrativo.
Afinal, a sua análise permite um estudo e a observação dos componentes que mais contribuem para o resultado financeiro da empresa.
A DVA, assim, pode ser feita e utilizada por todo o tipo de negócio, visando a avaliação dos fatores que mais geram valor para a organização.
Como calcular a Demonstração de Valor Adicionado
Os dados utilizados na DVA são todos provenientes da DRE, a Demonstração de Resultados do Exercício.
Dessa forma, para que a Demonstração de Valor Adicionado esteja correta, é preciso que a DRE esteja rigorosamente precisa. Além disso, os números da DVA são encontrados em forma absoluta e relativa.
Portanto, precisam ter dados do período anterior, pelo menos, para que possam ser comparados.
O demonstrativo apresenta, assim, o quanto a empresa evoluiu ou regrediu de um período a outro em sua capacidade de gerar riqueza. Para seu cálculo, é necessário contabilizar todas as receitas operacionais e não-operacionais do período.
Em seguida, são subtraídas da receita total todas as despesas operacionais do intervalo analisado. Chegamos, assim, ao chamado Valor Adicionado Bruto.
Logo depois, descontam-se as despesas não-operacionais e obtemos o Valor Adicionado Líquido.
Por fim, é hora de distribuir o Valor Adicionado Líquido entre os componentes responsáveis pela produção de riqueza da empresa.
Nesse ponto, ela consegue verificar quais têm maior contribuição para a geração do valor adicionado.
Modelo de DVA
Para que você possa compreender melhor como a Demonstração de Valor Adicionado (DVA) funciona na prática, vamos apresentar um modelo básico dela.
Observe que informações fazem parte do relatório:
- Receitas (valores brutos, com impostos)
1.1 Venda de mercadorias, de produtos e serviços
1.2 Outras receitas
1.3 Resultados não-operacionais (ganho de capital)
1.4 Provisão para créditos de liquidação duvidosa – constituição/reversão
- Insumos adquiridos de terceiros (com ICMS e IPI)
2.1 Custo dos produtos e dos serviços vendidos (valores pagos a terceiros, excluindo gastos com pessoal próprio)
2.2 Materiais, energia, serviços de terceiros
2.3 Perda/recuperação de valores ativos
2.4 Outros
- Valor adicionado bruto (= 1-2)
- Retenções
4.1 Depreciação, amortização e exaustão
- Valor adicionado líquido produzido pela entidade (= 3-4)
- Valor adicionado recebido em transferência
6.1 Resultado de equivalência patrimonial (positivo ou negativo)
6.2 Receitas financeiras (como juros recebidos)
6.3 Outras receitas (incluindo direitos de franquia, aluguéis recebidos, entre outros)
- Valor adicionado total a distribuir (= 5+6)
- Distribuição do valor adicionado
8.1 Pessoal
8.1.1 Remuneração direta (inclui salários, férias, 13º, horas extras e comissões)
8.1.2 Benefícios (como plano de saúde, vale-transporte e alimentação.)
8.1.3 FGTS
8.2 Impostos, taxas e contribuições
8.2.1 Federais
8.2.2 Estaduais
8.2.3 Municipais
8.3 Remuneração de capitais de terceiros
8.3.1 Juros (pagos a terceiros)
8.3.2 Aluguéis
8.3.3 Outras (valores também pagos a terceiros, como royalties, franquias e direitos autorais)
8.4 Remuneração de capitais próprios
8.4.1 Juros sobre o capital próprio
8.4.2 Dividendos
8.4.3 Lucros retidos/prejuízo do exercício
8.4.4 Participação de não-controladores nos lucros retidos (na consolidação).
Na DVA, o valor adicionado total a distribuir (7) deve ser igual ao número da distribuição do valor adicionado (8).
O que a DVA revela sobre uma empresa?
Como vimos, a DVA deve ser publicada fazendo a comparação de, pelo menos, dois períodos seguidos.
Assim, é possível aferir a capacidade que a empresa teve de aumentar a sua produção de riqueza no intervalo analisado.
Essa informação é importante para gestores avaliarem os pontos fortes e fracos da lucratividade operacional.
Além disso, fornece dados relevantes para investidores e a sociedade em geral sobre como as companhias vêm adicionando riqueza à economia.
Gostou de saber mais sobre a Demonstração de Valor Adicionado?
Na Capital Research, a gente explica de forma acessível o que em outras fontes pode parecer complicado.
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