Crise do Encilhamento: o que foi e quais foram as consequências

Entenda o que foi a crise do Encilhamento, as estratégias implementadas no período e as consequências à economia brasileira.

Compreender o que foi a crise do encilhamento é importante para desvendar a história da economia brasileira.

Se você quer saber mais sobre a política econômica do fim do século 19 e quais foram as principais consequências das medidas tomadas naquela época, chegou ao post certo.

Para começar, é bom salientar o objetivo principal da política do encilhamento: desenvolver a economia por meio da industrialização.

Mas os resultados foram desastrosos, como veremos a seguir: aumento da inflação, desconfiança de investidores no mercado e falência de empresas.

Quer saber como isso tudo aconteceu na prática? Siga com a leitura e descubra o que foi a crise do encilhamento e as consequências do período.

O que foi a crise do Encilhamento

O encilhamento foi uma crise econômica brasileira que ocorreu na transição da Monarquia à República.

A crise teve seu apogeu durante o governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca, entre 1889 e 1891, devido à política econômica desenvolvida no período.

A crise é associada a Rui Barbosa, que na época ocupava o cargo de ministro da Fazenda.

Resumidamente, o objetivo dele  era incentivar a industrialização e estimular a atividade econômica do Brasil por meio da emissão de moedas e do aumento da liberação de créditos bancários.

Mas o resultado foi justamente o oposto: uma crise com consequências como falta de dinheiro circulante, surto inflacionário e empresas em declínio.

O desajuste na economia ficou conhecido como crise do encilhamento em alusão à corrida de cavalos.

Encilhamento, na linguagem utilizada em hipódromos, era a expressão utilizada para a confusão e jogatina presentes nos espaços de corridas, em que jóqueis encilhavam seus cavalos antes da largada.

O encilhamento, então, designa a confusão da economia no período.

Objetivos da política do Encilhamento

Para compreender melhor a crise do encilhamento, é necessário saber quais eram os objetivos  da política econômica daquele período— e quais medidas foram tomadas para alcançá-los. 

Confira a seguir as principais metas da política do encilhamento no Brasil:

 

Modernizar o país por meio da industrialização

Conforme vimos, o objetivo central de Rui Barbosa era fomentar a industrialização para modernizar o Brasil e incentivar a atividade econômica.

 

Fomentar novos negócios

Para viabilizar o projeto de industrialização, também foi definido como objetivo fomentar o desenvolvimento de novos negócios.

Para isso, a estratégia do ministro da Fazenda foi definir uma política monetária com foco na livre emissão de créditos monetários.

Então, os bancos começaram a liberar empréstimos para as pessoas, mesmo sem conhecer as suas condições de pagamento.

O resultado? Era necessário imprimir cada vez mais dinheiro.

 

Incentivar a economia por meio da emissão de dinheiro

Justamente para industrializar o país, uma medida adotada por Rui Barbosa foi a de aumentar a emissão de papel-moeda para favorecer o crescimento econômico.

A falta de dinheiro circulante no país era um problema.

Então, a estratégia foi aumentar a produção de dinheiro para pagar assalariados e, dessa forma, expandir o mercado consumidor.

Para isso, o governo permitiu que bancos e outros estabelecimentos emitissem dinheiro.

O resultado foi a circulação de papel-moeda em quantidade excessiva: havia mais dinheiro do que capacidade de produção.

 

Estimular o setor financeiro

Outra meta era estimular o setor financeiro por meio da facilitação à abertura de sociedades anônimas.

O intuito era incentivar o mercado a investir em ações na bolsa de valores.

Já para valorizar o produto interno, a medida foi criar taxas alfandegárias para barrar a entrada de produtos estrangeiros no Brasil, dando prioridade para o desenvolvimento de produtos nacionais.

Os resultados, conforme você verá no próximo tópico, não foram os esperados.

Consequências da crise do Encilhamento 

Nas linhas a seguir, descubra quais foram as principais consequências da crise do encilhamento:

 

Desvalorização da moeda e aumento da inflação

Conforme você já sabe, durante o encilhamento, o governo ampliou a emissão de papel-moeda.

O efeito direto foi o agravamento da inflação para níveis elevados.

Uma quantidade excessiva de moeda sem lastro também foi emitida no período.

O resultado? A desvalorização da própria moeda.

 

Quebra de empresas

Outra consequência foi a quebra generalizada de empresas devido à inflação em alta e ao uso inadequado do crédito oferecido para a criação de negócios.

Foi, portanto, outra barreira para a expansão da economia brasileira na época.

 

Especulação financeira

A emissão em excesso de dinheiro e a quebra de empresas resultaram em práticas de especulação financeira desenfreada e desconfiança por parte de investidores em relação ao mercado.

Sendo assim, ações na bolsa de valores da época eram compradas exclusivamente para serem vendidas no futuro, mesmo em um cenário de incertezas.

Também surgiram empresas-fantasma, que obtiam crédito de má fé e negociavam ações com preço crescente mesmo sem terem operações.

Como resultado, o país sofreu um colapso econômico. Como você pode ver, a crise do encilhamento foi um dos maiores fracassos econômicos da história do Brasil.

E agora, ficou mais claro o conceito? 

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