Subprime: descubra o que é e as causas da crise imobiliária
Subprime é um tipo de ativo que ficou famoso na crise imobiliária dos Estados Unidos em 2008. Tire suas dúvidas sobre o tema.
06/01/2020
Investimentos
Você já ouviu falar no subprime e seu papel decisivo na crise de 2008? Termos como bolha imobiliária e hipoteca de alto risco foram os mais comentados da época, e revelam a origem da maior crise financeira desde a depressão de 29.
Se você quer entender os movimentos da economia global, precisa saber o que foi o subprime e como esses empréstimos levaram os bancos dos EUA ao colapso. Siga a leitura e amplie seu conhecimento sobre o mercado.
O que é subprime
Subprime é uma modalidade de crédito de risco concedida a tomadores que não apresentam garantias suficientes para comprovar sua adimplência. O termo foi criado nos EUA no início dos anos 2000, como uma forma de empréstimo de segunda linha para o setor imobiliário que possuía taxas mais altas e alienava a residência do tomador.
Na época, com os juros americanos em baixa (em 2003, chegavam a 1%) e uma economia em pleno crescimento, os bancos resolveram criar essas hipotecas de alto risco para atender novos segmentos de clientes. Eram os chamados clientes ninja: no income, no job, no assets (sem renda, sem emprego, sem patrimônio).
Assim, as pessoas que não conseguiam acesso às taxas mais vantajosas (prime rate) na análise de crédito passaram a usar o subprime para ter acesso a financiamentos, cartões de crédito e até mesmo aluguel de veículos. No meio financeiro, o subprime ficou conhecido como “crédito podre” — um termo autoexplicativo.
O que foi a crise do subprime
A crise do subprime foi uma crise financeira que teve início em julho de 2007 nos EUA, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de crédito hipotecário de alto risco. Ou seja: o subprime foi um dos principais catalisadores da Crise econômica de 2007-2008 — o pior momento do capitalismo desde a Grande Depressão de 1929.
Na época, os bancos norte-americanos, incentivados pela desregulamentação, adotavam práticas cada vez mais arriscadas e irresponsáveis de alavancagem, principalmente na concessão de subprimes e outras modalidades de alto risco.
Com a alta da taxa de juros, os níveis de inadimplência dispararam e deflagrou-se uma crise de confiança generalizada e falta de liquidez bancária, além da queda brusca do preço dos imóveis.
O episódio ficou conhecido como o estouro da “bolha imobiliária” dos EUA, que culminou na declaração de falência do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers e das gigantes do crédito Fannie Mae e Freddie Mac. Assim, a crise alastrou-se mundo afora e causou impactos sem precedentes em países como Grécia, Espanha, Irlanda, Islândia e Portugal. Para reverter o quadro caótico, o Federal Reserve (FED) precisou socorrer os bancos e agências com pacotes de ajuda financeira de até US$ 850 bilhões.
No Brasil, a Bolsa de Valores chegou a cair mais de 10% e teve suas operações interrompidas quando o primeiro pacote de socorro ao setor financeiro foi rejeitado nos EUA.
Causas da crise do subprime
A crise do subprime foi causada por um “efeito dominó” que inclui vários fatores. Confira os principais a seguir.
Concessão irrestrita de crédito
Com a valorização dos imóveis e esgotamento dos clientes de perfil prime a partir de 2003, os bancos passaram a facilitar o crédito para clientes com histórico de dívidas, sem emprego e sem renda.
A estratégia funcionou enquanto o preço dos imóveis seguiu em alta, permitindo aos mutuários obter novos empréstimos, cada vez maiores, para liquidar os anteriores. No entanto, as dívidas só eram honradas com a tática das sucessivas “rolagens”, trocando títulos vencidos por novos títulos e adiando o pagamento indefinidamente.
Transferência de créditos desenfreada (CDS e CDO)
Como os empréstimos subprime eram dificilmente liquidáveis, os bancos criaram uma estratégia de securitização: transformaram os créditos de alto risco em derivativos e lançaram no mercado financeiro com valores cinco vezes superiores à dívida original.
Assim, títulos como os CDS (Credit Default Swap) e CDO (Collateralized Debt Obligation) lastreados em créditos podres inundaram o mercado. Para piorar, agências reguladoras até então confiáveis classificaram esses títulos podres com o critério máximo (AAA) — a fraude financeira que disseminou ativos tóxicos pelo mundo.
Inadimplência em massa
Assim que a taxa de juros básica da economia aumentou, a consequência foi a inadimplência em massa da categoria subprime. Assim, os bancos foram arrastados para uma situação de insolvência, impactando diretamente as bolsas de valores de todo o mundo.
Queda do preço dos imóveis
Com a inadimplência, os clientes subprime começaram a entregar suas casas, levando à queda generalizada do preço dos imóveis. Como muitos deviam acima do valor do imóvel, as financiadoras acabaram com um rombo em caixa e propriedades desvalorizadas.
Situação do subprime hoje
Hoje, mais de uma década após a crise do subprime, o mundo parece ter aprendido a lição sobre o perigo das bolhas especulativas. Na opinião do professor de economia internacional André Nassif, da UFF, a crise de 2008 foi resultado do otimismo exagerado do mercado e falta de consciência sobre os riscos.
Em entrevista à Agência Brasil em 2018, ele conta que a reintrodução da regulação no sistema financeiro dos EUA foi decisiva para controlar o mercado de crédito e evitar novos colapsos.
Atualmente, a economia norte-americana está totalmente recuperada e crescendo a um ritmo constante, enquanto o Brasil retoma lentamente seu crescimento desde a crise de 2014. Assim, espera-se que a valorização de ativos descolada da realidade não volte a acontecer.
Entendeu o papel de subprime na maior crise econômica do nosso século? Continue acompanhando a Capital Research para conhecer novos capítulos da economia global — e aproveite para conferir as análises de investimentos.
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