Plano Collor: origem, medidas e consequências econômicas
Em dúvida sobre o que foi o Plano Collor e o que ele acarretou na economia brasileira? Confira nosso guia sobre o tema.
06/01/2020
Investimentos

Quer saber mais sobre o que foi o Plano Collor e suas consequências para a economia brasileira?
Talvez você não se lembre disso, mas no final do governo Sarney, a inflação brasileira atingiu níveis astronômicos, chegando a 2000% ao ano. Isso afetou muito a indústria, a economia e o poder de compra dos brasileiros.
E foi nesse contexto que Fernando Collor de Mello foi eleito.
Nas primeiras eleições diretas para a presidência, o Brasil escolheu para presidente um candidato que falava em “caçar marajás”, controlar a inflação e destravar a economia brasileira.
Para entender melhor o que foi o Plano Collor e como ele afetou o cenário econômico, confira nosso guia sobre o tema.
O que foi o Plano Collor
O Plano Collor, apelido do Plano Brasil Novo, foi um conjunto de medidas econômicas adotadas sob a presidência de Fernando Collor de Mello, que governou o país de 1990 até 1992, quando renunciou diante de um processo de impeachment.
Os objetivos principais do plano eram conter o aumento desenfreado da inflação e estabilizar a economia. Para isso, o Plano Collor apresentou medidas como estas:
- Congelamento de depósitos em conta corrente e poupança por 18 meses;
- Criação de um imposto que incidia sobre todas as transações financeiras, a primeira versão do IOF;
- Liberação gradual do câmbio;
- Congelamento de preços e salários do setor privado;
- Eliminação de incentivos fiscais;
- Substituição da moeda Cruzado Novo pelo Cruzeiro.
Se você não viveu nessa época, deve ser difícil imaginar acordar um dia com toda a sua poupança “confiscada” pelo governo.
Mas foi isso que aconteceu.
O dinheiro seria devolvido, segundo o Plano Collor, depois de 18 meses, com uma rentabilidade prefixada e um ajuste conforme a inflação.
Além do congelamento da poupança, houve a proibição do aumento de preços em estabelecimentos privados, que perderam o controle sobre suas vendas e tiveram que respeitar uma tabela imposta pelo governo.
Essas medidas não podiam dar certo, não é mesmo? De fato, o congelamento de preços e o confisco de dinheiro são medidas que provocam desequilíbrio na economia e não obtêm êxito, no fim das contas, no combate à inflação.
Na verdade, resultam em uma economia artificial, que não se sustenta no longo prazo.
Isso ficou evidente logo na sequência do Plano Collor, quando a ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, em janeiro de 1991, instituiu novas medidas paliativas, que produziram apenas um curto período de queda na inflação.
Em maio de 1991, a ministra foi substituída por Marcílio Marques Moreira, que deu fim ao Plano Collor e início a um conjunto de medidas mais graduais, solicitando auxílio do Fundo Monetário Internacional para equalizar as reservas.
Mas a inflação alta persistiu. Ela só foi debelada de fato com o Plano Real, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso.
Origem do Plano Collor
Para compreender o Plano Collor e como ele surgiu, é preciso analisar o contexto político e econômico em que o Brasil estava inserido nas décadas anteriores.
Durante a Ditadura Militar, entre 1968 e 1973, a economia brasileira teve um crescimento significativo: a inflação havia caído de 25,49% em 1968, para 15,54% em 1973, e o PIB teve um aumento de 9,8% para 14% no mesmo período.
Mas aquele período que ficou conhecido como o “Milagre Econômico” elevou em excesso a dívida pública e, posteriormente, se viu envolto no fenômeno inflacionário.
Para piorar o cenário, em 1973 houve a Crise do Petróleo, durante a qual o preço do barril disparou, chegando a um aumento de mais de 400%. Na época, grande parte do petróleo consumido no país vinha do exterior, o que contribuiu ainda mais para o aumento da dívida pública.
Portanto, a partir de 1974, a inflação passou a subir rapidamente, atingindo o nível de 242,24% em 1985. Nesse período, diversos setores da sociedade pressionavam o governo, devido à violência do regime militar e ao caos econômico.
Essa pressão deu início à abertura política, que acabou resultando na redemocratização, em 1985. Foi então que assumiu o poder José Sarney, vice de Tancredo Neves, que havia sido eleito pelo Colégio Eleitoral.
Em seu mandato, Sarney propôs diversos planos econômicos, que não surtiram efeito a longo prazo. Por fim, em 1989, a inflação anual atingiu 1.972,91% e, nesse cenário, o Brasil teve sua primeira eleição democrática desde 1960.
Medidas do Plano Collor
O Plano Collor propunha três grandes mudanças na economia: a reforma fiscal, a reforma monetária e o anúncio de uma política de rendas.
Confisco da Poupança
Dentre as medidas que afetaram fortemente a vida dos brasileiros, a que gerou maior repercussão foi o “confisco”: a retenção da poupança para quem tivesse depósitos acima de 50.000 cruzeiros novos — o que hoje em dia equivaleria a algo entre R$ 5 mil e R$ 8 mil.
Na verdade, a promessa era de que o valor retido seria usado para financiar projetos econômicos, e em 18 meses seria devolvido à população, com correção e juros de 6% ao ano.
Porém, isso nunca ocorreu, e milhares de correntistas só conseguiram reaver seu dinheiro entrando na justiça.
Congelamento dos Preços
Outra das medidas controversas do Plano Collor foi o congelamento dos preços, que sofreram um tabelamento imposto pelo Governo Federal.
Ou seja, um supermercado não poderia mais determinar o preço da dúzia de ovos conforme a lei da oferta e da procura. Teria que obedecer à imposição do governo, que visava a barrar o aumento da inflação.
A medida provocou desabastecimento e desequilíbrio na economia, sem conseguir, no fim das contas, frear a hiperinflação.
Outras medidas
Além disso, houve outras mudanças instauradas pelo Plano Collor:
- Troca da moeda de cruzados novos para cruzeiros, sem alterações de zeros;
- Início do processo de privatização de estatais;
- Reforma administrativa e fechamento de ministérios, autarquias e empresas públicas, com a demissão de funcionários públicos;
- Abertura do mercado brasileiro ao exterior, com a extinção de subsídios do governo;
- Flutuação cambial sob controle do governo.
Consequências do Plano Collor
O Plano Collor não obteve sucesso na redução da inflação, e as medidas impopulares somadas ao escândalo de corrupção culminaram na renúncia do então presidente.
Especialistas interpretam o período como uma profunda recessão econômica, o que resultou na falência de pequenos empresários e investidores. Por isso, a indústria nacional foi sucateada.
Houve ainda o desmonte das ferrovias e cortes de investimento em infraestrutura por parte do governo federal. Em 1990, o Produto Interno Bruto sofreu uma queda de 20 bilhões de dólares, passando de 453 bilhões de dólares para 433 bilhões de dólares em apenas um ano.
Por tudo isso, pode-se dizer que o Plano Collor falhou em suas propostas: a inflação permaneceu alta, a economia não foi destravada e o aumento descontrolado dos preços teve que ser resolvido com um plano diferente, o Plano Real, em 1994.
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