Liquidez do Tesouro Direto: qual é na prática?
A liquidez do Tesouro Direto é diária, mas isso não significa resgate com lucro a qualquer momento. Entenda na prática.
15/05/2020
Investimentos
A liquidez do Tesouro Direto é diária: sempre que quiser, você pode transformar os seus títulos públicos que adquiriu em dinheiro, porque o próprio Tesouro Nacional garante a recompra.
Mas essa liquidez diária não garante que você vai vender os títulos com lucro a qualquer momento.
A rentabilidade só é garantida após o vencimento do prazo contratado. Isso significa que, se você se desfizer de alguns títulos do Tesouro Direto antes do prazo, pode ter prejuízo – ou ver a rentabilidade muito inferior à esperada.
Neste artigo, você vai entender como a liquidez do Tesouro Direto funciona na prática e quais cuidados você precisa tomar ao investir.
Qual é a liquidez do Tesouro Direto?
A liquidez do Tesouro Direto é diária. Isso significa que você pode vender os títulos públicos sempre que quiser, porque o próprio Tesouro Nacional, o “caixa” do Governo Federal, garante a recompra.
No mercado financeiro, liquidez é o nome dado à capacidade de transformar um ativo em dinheiro.
O raciocínio é simples: quanto mais líquido um ativo, como as ações de grandes empresas, mais rápido você consegue vender os papéis e transformá-los em dinheiro. Da mesma forma, quanto menos líquido for o ativo, como os imóveis, mais tempo demora para conseguir vender o bem e acessar o dinheiro.
Nos títulos públicos negociados por meio do Tesouro Direto, o Governo Federal garante a recompra de 100% dos títulos. Isso, aliado ao fato de que o risco envolvido no investimento é apenas o risco de insolvência ou falência do país, faz dos títulos públicos a aplicação mais segura do Brasil.
Mas atenção: a liquidez diária garante que você conseguirá vender seus títulos a qualquer momento, sempre que quiser. Só que isso não significa que a rentabilidade da aplicação será a esperada ao comprar os papéis, e você pode inclusive ter prejuízo no investimento.
Isso acontece porque alguns títulos do Tesouro Direto possuem marcação a mercado, como veremos a seguir.
Liquidez do Tesouro Direto e a marcação a mercado
Agora que você já entendeu que a liquidez do Tesouro Direto é diária, chegou a hora de descobrir qual é o papel da marcação a mercado e o que isso significa ao vender os títulos.
Embora os títulos públicos sejam aplicações de renda fixa, isso não significa que os preços e as taxas dos títulos serão constantes no tempo. Apenas que a rentabilidade do título no prazo de vencimento será aquela que você contratou.
Mas qual o problema disso? Entre a data de investimento e de vencimento, o preço do título varia de acordo com o momento do mercado e a evolução da taxa de juros básica da economia, Selic.
A lógica é fácil de entender:
- Se a Selic cair em relação à taxa de compra do título, o preço do papel sobe
- Se a Selic subir em relação à taxa de compra do título, o preço do papel cai.
Portanto, os juros praticados no mercado, que são condicionados pela taxa Selic, têm influência direta sobre o preço dos títulos.
Na prática, o preço do título público é atualizado de acordo com o valor que ele é negociado pelos agentes financeiros naquele momento. É isso que o mercado financeiro chama de “marcação a mercado”.
Para facilitar o entendimento, imagine que você tenha comprado um determinado título público com rentabilidade pré-fixada, com vencimento em cinco anos.
Meses depois de adquirir esse título, o Banco Central decide aumentar a taxa Selic. Significa que os juros básicos da economia estão se elevando, enquanto a rentabilidade do seu título público continua a mesma, pré-fixada. É natural que, nesse caso, o seu título seja negociado a um valor inferior no mercado.
Assim, se você vender o título antes do vencimento, o Tesouro Nacional vai recomprar pelo valor de mercado, e a rentabilidade pode não ser aquela que você esperava.
Agora, se você esperar até a data de vencimento, terá em mãos a rentabilidade prometida. É por isso que conferir o prazo de vencimento é fundamental antes de investir.
Cuidados com a liquidez do Tesouro Direto
A marcação a mercado é apenas um dos cuidados que você precisa ter com a liquidez do Tesouro Direto. Confira os principais:
Prefixado e Tesouro IPCA têm marcação a mercado
Como você já entendeu, alguns títulos do Tesouro Direto possuem marcação a mercado. Isso significa que, ao vender o seu título antes do prazo de vencimento, o Tesouro Nacional vai recomprá-lo pelo preço que o mercado está negociando.
Nesse caso, você pode ter uma rentabilidade superior ou inferior à esperada no momento do investimento, dependendo da evolução da taxa básica de juros nesse período.
Os títulos prefixados são um exemplo disso. Nesse investimento, você já conhece a rentabilidade do investimento no momento da compra, mas essa rentabilidade só é garantida após o prazo de vencimento. Antes disso, o preço do ativo oscila, e você precisa estar atento se quiser vender.
A mesma coisa acontece com o Tesouro IPCA, que é vinculado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplos. Embora ele proteja o investidor da variação da inflação, também tem marcação a mercado, e a rentabilidade vai depender do valor pelo qual o ativo está sendo negociado no dia em que você decidir vender.
Prazos longos oferecem maior oscilação
É justamente pelo fato de alguns títulos públicos possuírem marcação a mercado que você precisa ficar atento ao prazo do investimento antes de investir.
Entre investidores iniciantes, é comum escolher o título público que oferece a maior rentabilidade, para só depois descobrir que o prazo também é o maior, o que vai obrigá-lo a carregar o título até o vencimento, ou abrir mão daquela rentabilidade vendendo a valor de mercado.
É importante entender que, entre títulos do mesmo tipo, quanto maior for o prazo, maior será a variação de preço do título ao longo do tempo. Da mesma forma, prazos menores provocam uma variação menor do valor.
Título do Tesouro Direto com liquidez total
O título do Tesouro Direto com a maior liquidez é o Tesouro Selic.
O Tesouro Selic é o único título público pós-fixado, com a rentabilidade atrelada à taxa Selic.
Por isso, o valor do ativo varia conforme a evolução da Selic, que é ajustada a cada três meses. Isso permite que você venda os papéis sem grandes perdas sempre que desejar.
Assim, o Tesouro Selic é o mais indicado para quem deseja investir a reserva de emergência ou quer aplicar um dinheiro para o curto prazo, porque não sabe quando pode precisar do montante.
E aí, gostou do artigo? Se você tem interesse pelo mercado financeiro e deseja receber atualizações diárias na sua caixa de entrada, assine a newsletter da Capital Research e fique por dentro de tudo que acontece nesse universo.
Recomendados
Investimentos
Tesouro Direto: passo a passo de como investir
O Tesouro Direto é uma opção mais rentável e tão segura quanto a poupança. ...
5 anos atrás
Investimentos
Fundo DI ou Tesouro Direto: o que saber para escolher o melhor
Investidor pode optar por investir em Títulos Públicos de forma direta ou ...
5 anos atrás
Investimentos
Descubra quais são as melhores corretoras para Tesouro Direto
Veja dicas para identificar as melhores corretoras para Tesouro Direto e escolher a ...
5 anos atrás
{{ title }}
{{ description }}
{{ title }}
{{ description }}